Fernando Trabach Filho, administrador de empresas, observa que a adoção de inteligência artificial na gestão pública tem se consolidado como uma ferramenta estratégica para ampliar a transparência, prevenir desvios e otimizar o uso dos recursos estatais. Diante de um cenário em que fraudes, superfaturamentos e mau uso de verbas impactam diretamente o equilíbrio fiscal e a qualidade dos serviços prestados à população, tecnologias baseadas em algoritmos e análise preditiva ganham protagonismo. A IA permite cruzar grandes volumes de dados em tempo real, identificar padrões suspeitos e sinalizar irregularidades com agilidade e precisão, o que aumenta a capacidade de controle dos órgãos fiscalizadores e inibe práticas ilícitas. Mais do que modernização, trata-se de um novo paradigma de integridade e eficiência no setor público.

Inteligência artificial e a análise de grandes volumes de dados públicos
O uso da inteligência artificial na auditoria de contas públicas permite o monitoramento contínuo de contratos, licitações, folhas de pagamento e transferências de recursos. Algoritmos treinados com dados históricos de fraudes conseguem reconhecer indícios que passariam despercebidos em uma análise humana convencional. Segundo Fernando Trabach Filho, essa capacidade de processar múltiplas fontes de dados simultaneamente — como notas fiscais eletrônicas, dados bancários e cadastros públicos — é essencial para prevenir desvios antes mesmo que causem prejuízos significativos. Ao identificar comportamentos fora do padrão, como variações de preços injustificadas, fornecedores fantasmas ou repetições atípicas de beneficiários, os sistemas de IA emitem alertas automáticos para auditorias ou bloqueios preventivos. Esse tipo de automação amplia a atuação dos órgãos de controle sem elevar os custos operacionais.
Prevenção de fraudes e aumento da transparência na gestão pública
Além da identificação de irregularidades, a inteligência artificial contribui para a criação de modelos preditivos que antecipam riscos e ajudam a desenhar políticas de prevenção. A partir do cruzamento de dados financeiros, orçamentários e de desempenho, é possível identificar setores mais vulneráveis a práticas ilícitas e direcionar esforços de fiscalização com mais precisão. De acordo com Fernando Trabach Filho, o uso inteligente da tecnologia também favorece a transparência, na medida em que os dados processados são disponibilizados em plataformas abertas e acessíveis à sociedade. Isso estimula o controle social, fortalece a confiança nas instituições e torna o processo decisório mais claro e auditável. A inteligência artificial, nesse contexto, atua como aliada da ética pública e da boa governança.
Desafios de implementação e a importância da governança de dados
Apesar do potencial transformador, a adoção da inteligência artificial no combate às fraudes enfrenta desafios técnicos e institucionais. A qualidade dos dados públicos ainda é um entrave, uma vez que informações descentralizadas, desatualizadas ou mal padronizadas comprometem o desempenho dos algoritmos. É necessário, portanto, investir em infraestrutura tecnológica, integrar bancos de dados entre diferentes esferas de governo e capacitar servidores para lidar com novas ferramentas. Conforme destaca Fernando Trabach Filho, a governança de dados é tão importante quanto os próprios sistemas de IA. A definição clara de padrões, protocolos de segurança e critérios éticos é fundamental para que a automação não gere distorções ou injustiças, especialmente em decisões com impacto direto sobre indivíduos ou instituições. Sem essa base sólida, a tecnologia corre o risco de ser ineficaz ou até contraproducente.
Considerações finais
A incorporação da inteligência artificial à gestão pública representa um avanço significativo no combate às fraudes e no fortalecimento do controle institucional. Ao permitir análises em larga escala, detectar padrões anômalos e antecipar riscos, a tecnologia oferece uma resposta eficiente às demandas por mais transparência e integridade no uso dos recursos públicos. No entanto, seu sucesso depende de uma estratégia bem estruturada, com dados confiáveis, servidores preparados e regras claras de operação. O Brasil tem a oportunidade de liderar esse processo de inovação ética no setor público.
Autor: Roger Tant