O crescimento das demandas por práticas logísticas mais sustentáveis tem levado setores estratégicos da economia a repensarem suas estruturas de transporte. Nesse contexto, a retomada do uso de trens de carga aparece como uma alternativa inteligente e eficiente para o escoamento de commodities. Segundo o empresário Aldo Vendramin, reativar e ampliar a malha ferroviária brasileira representa uma medida que pode trazer impactos positivos não apenas para o agronegócio, mas também para a sustentabilidade ambiental e a competitividade do país no mercado global.
Diante de um sistema altamente dependente das rodovias, apostar no transporte ferroviário é uma forma de reduzir custos operacionais, otimizar rotas e diminuir a emissão de poluentes, consolidando uma logística mais equilibrada e alinhada às exigências internacionais.
Trens de carga e eficiência no transporte de commodities
Os trens de carga são capazes de movimentar grandes volumes com menor custo energético por tonelada transportada, tornando-se ideais para o transporte de commodities como grãos, minérios e celulose. Uma única composição ferroviária pode substituir dezenas de caminhões, reduzindo o tráfego nas rodovias, os custos com pedágio, combustível e manutenção, além de minimizar o risco de acidentes.

De acordo com Aldo Vendramin, o uso estratégico dos trens permite que os produtores escoem sua produção de forma mais rápida e econômica, especialmente em rotas de longa distância. Isso é ainda mais relevante em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde a distância entre as regiões produtoras e os portos exportadores representa um dos principais gargalos logísticos.
Logística verde e competitividade internacional
A demanda por sustentabilidade nas cadeias globais de suprimentos está cada vez mais presente nos critérios de compra de grandes mercados. Produtos agrícolas que possuem rastreabilidade e são transportados com menor impacto ambiental têm maior aceitação e valor agregado, especialmente na União Europeia e nos Estados Unidos.
Conforme destaca Aldo Vendramin, a adoção dos trens de carga como modal prioritário contribui para a construção de uma imagem positiva do agronegócio brasileiro. A redução na emissão de CO₂, o menor desgaste de infraestrutura e a durabilidade das ferrovias fazem delas uma solução ambientalmente vantajosa. Isso amplia as oportunidades de inserção competitiva do país em cadeias comerciais mais exigentes e sustentáveis.
Desafios e perspectivas para a ampliação da malha ferroviária
Apesar de seu potencial, o transporte ferroviário ainda enfrenta sérios desafios no Brasil. A malha ferroviária existente é limitada, pouco conectada e, em muitos trechos, defasada. Isso dificulta o acesso de produtores a essa alternativa logística e perpetua a dependência do modal rodoviário, especialmente em estados do Centro-Oeste e do Norte.
Superar esses entraves exige uma política de investimentos de longo prazo, com incentivos à iniciativa privada, desburocratização de projetos e planejamento logístico integrado. A implementação de concessões ferroviárias mais modernas e a criação de ferrovias privadas voltadas ao agronegócio já começaram a surgir, mas é necessário ampliar essa tendência com segurança jurídica e visão estratégica nacional.
Integração logística como diferencial competitivo
A valorização dos trens de carga não exclui o uso de outros modais. Pelo contrário, o futuro do transporte eficiente de commodities está na integração entre rodovias, ferrovias e hidrovias. Terminais multimodais, centros de distribuição conectados e o uso de tecnologias de rastreamento permitirão ao produtor escolher rotas com melhor custo-benefício e menor impacto ambiental.
A experiência do senhor Aldo Vendramin mostra que o investimento em soluções logísticas sustentáveis é parte do futuro do agronegócio. Ampliar o uso de trens de carga é mais do que uma atualização de infraestrutura: é uma estratégia de país para competir com inteligência, reduzir emissões e garantir o desenvolvimento de forma equilibrada.
Autor: Roger Tant